sábado, 17 de dezembro de 2011

Nova Poesía Galega: Nova Espiritualidade Lírica.




Por : Artur Alonso

“As novas concepções da física tem gerado uma profunda mudança em nossas visões de mundo; da visão de mundo mecanicista de Descartes e Newton para uma visão holística, ecológica. A exploração dos mundos atômicos e subatômicos colocou-nos em contato com uma realidade estranha e inesperada. Em seus esforços para apreender essa nova realidade, os cientistas ficaram dolorosamente conscientes de que suas concepções básicas, sua linguagem e todo o seu modo de pensar eram inadequados para descrever os fenômenos atômicos. Seus problemas não eram meramente intelectuais, mas alcançavam as proporções de uma intensa crise emocional e, poder-se-ia dizer, até mesmo existencial. Eles precisaram de um longo tempo para superar essa crise, mas, no fim, foram recompensados por profundas introvisões sobre a natureza da matéria e de sua relação com a mente humana”
(De “Ecologia profunda: Um novo paradigma de Fritjof Capra)

Superada a visão antropocêntrica, estamos entrado nesta mudança de Era que com leva o milênio, também na ultrapassagem da visão materialista, ate uma nova visão holística em que ciência e espiritualidade estão da dar-se a mão, sobretudo a raiz das novas achegas e descobertas realizadas pela física quântica e a exploração da realidade sub-atômica. Isto significa que as novas mudanças no campo cientifico trazem como conseqüências, a longa, mudanças no paradigma social.

No campo literário na Galiza estas mudanças estão muito presentes nas novas vocês, do que eu chamaria de novo movimento espiritualista. O gênero que mais em destaque esta a oferecer esta nova visão é o campo poético vanguardista, liderado pela nova geração de poetas reintegracionistas, comprometidos com sua realidade social, sua língua, sua cultura autóctone, mas também com a realidade Européia, mundial e ecológica global, de interação do um sobre o todo e o todo sobre o um.

Nomes em Destaque como Concha Rousia, Iolanda Aldrei, José Manuel Barbosa, Irene Veiga, Belém de Andrade, Belém Grandal, entre outros estão modificando o campo da visão literária e acrescentando uma óptica e fresca sensação de renovação a toda a literatura galega. São sem duvida a vanguarda da nova literatura galega.

Concha Rousia da voz ao elemento terra, que fala a através dos seus poemas reclamando seu direito a seguir sendo uma voz identificada, com sua milenar cultura. Assim em poemas como “A minha primeira nau” o elemento inicial água surge como primeira essência humana, e interage holisticamente em sua relação com o resto de elementos que, juntos formam, um único elemento universal. Assim o expressa em estes versos do poema:

“a minha velha nau nasceu comigo a vida
saiu do próprio mar do ventre materno...
...hoje a minha nau encalhou e não posso abandoná-la
assim a sua sorte, a que salitre e água a consumam
eu sou fiel a tudo o que é meu, ate ao que não é meu sou fiel...

... hoje é hora de parar todas as viagens
as feitas
as por fazer
hora de esquecer que as viagens existem

...Sei que adiante de mim aguarda meu destino
mas hoje quero é ficar na eternidade do momento”

Nesta última frase eternidade do momento, Concha Rousia, faz-se consciente de que o presente, também esta composto de passado e futuro, dado o presente vir condicionado pelo passado e condicionar o futuro... E que ao igual que uma célula contem toda a informação do corpo, o que facilita as técnicas de clonagem, também o momento presente contem a eternidade universal, dentro de si...

José Manuel Barbosa, também deixa transcrever essa nova visão holística, em poemas tão emotivos como “Ama-me”, versos simples e claros, que não podem ser interpretados a luz de outros velhos paradigmas

“Filha do céu
molhada polo sol.
Mirar fundo
de fundo mar
e doce brisa...

...ama-me fortemente,
como ama o céu uma estrelinha
perdida e solitária
numa noite sem pecado"

a noite sem pecado, abrange o espaço infinito, de onde tudo surge e aonde tudo volta, quando cessa sua existência... e o território imaculado, o campo unificado, o universal.

Irene Veiga lembra no conto “O mundo é para as meninas”, como a rede universal e as ligações que ela implica, marcam definitivamente os seres, como quando duas partículas ficam de algum modo ligadas não perdem essa ligação, a pesares da sua distancia no espaço e tempo. As mulheres do conto se reencontram, e o relato explica assim seus laços: ... “Beijaram-se demoradamente, sem prudência e sem reparos. Já eram mulheres para isso. Beijaram-se mais, soltaram-se e volveram a enredar-se, mimavam-se com descaro. Sabiam-se testemunhas do tempo e não ser uma linha reta...”

Testemunhas do tempo, que não interagem, na visão antiga e lineal... Senão numa nova visão ampla, de espaço e tempo... aberta todas as possibilidades.

Estes três exemplos de hoje, são uma amostra dessa nova literatura galega, que foge do velho paradigma convencional onde, como afirma Amit Goswani, no prefacio, do
seu brilhante livro “Física da Alma”, o conceito matéria é o tijolo de todas as cousas... E se encaminham a um novo paradigma mais abrangente, onde vida, mente é consciência já não são meros fenômenos secundários da matéria... senão partes de um único todo interagindo dentro desse todo...

Reconhecemos, pois nestas novas vozes uma nova forma de estar no mundo e de achegar a literatura galega os novos conceitos dum novo paradigma social, que está a nascer desde novos paradigmas e visões cientificas, que vão mudar, ao longo deste milênio nossa consciência e percepção da realidade.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Concha é nome de guerra



Dedicada a  Concha Rousia 


Para ti não há música nem dança


apenas as artes marciais

guerrilheira de montes e vales

urdidora de emboscadas

sob a copa das amplas árvores

brandes teu gládio de palavras suaves

não usas as falas do inimigo

vingas a dor de seres galega.


A montanha que herdaste sozinha

prenhada de mar na ilha dos nossos

o povo desaparecido da Rousia aldeia

esse recanto insuspeito ao virar da raia

onde fui a férias em 2005 sem te saber

eu que nasci galego do sul

sendo galego de Cela-Nova

apartado de meus irmãos e irmãs

séculos de história ao desbarato

distavam mares que nunca navegámos

montes que nunca escalámos

estrelas que jamais enxergámos

até um dia em que surgiste

vestias azul e branco orlada a ouro

estandarte do nosso reino

ciciavas liberdades por atingir

sonhos por realizar 

brandias a tua utopia 

numa mesma lusofonia.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Clássicos da Galiza e o Arquivo Digital AGLP


O vindouro 16 de dezembro, sexta feira, terá lugar em Lugo o primeiro dos atos de divulgação do trabalho da AGLP que a Pró vai iniciar. Esta campanha irá apresentando os Clássicos da Galiza e o Arquivo Digital em diversas cidades e vilas galegas. Além da apresentação dos Clássicos e do AD, a ideia é fazer visível a existência e o trabalho da Academia na sociedade galega.

O primeiro ato em Lugo terá lugar no Centro Social Mádia Leva!, na rua Manuel Amor Meilám, nº 18 (Rés-do-chão) às 20:30 horas.

Fernando Corredoira e Ramom Reimunde apresentarão os novos números lançados da coleção CLÁSSICOS DA GALIZA, editados por Edições da Galiza em parceria com a Academia Galega da Língua Portuguesa. Os Clássicos da Galiza é uma reedição dos grandes autores galegos adaptados ao Acordo Ortográfico de 1990 com notas e glossários que enriquecem o texto literário.

Vítor Lourenço apresentará o recentemente criado ARQUIVO DIGITAL da AGLP, um inovador repositório de materiais digitalizados acerca da língua e cultura galega. O Arquivo Digital contém materiais de texto, áudio, vídeo e imagem, disponibilizados sob licença Creative Commons, permitindo-se assim o seu livre acesso, utilização, distribuição e cópia, amais dum rápido e eficiente sistema de procuras, catalogação e acesso.

Evento no facebook: http://www.facebook.com/events/302540703113547/