segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sonata de um adeus


Por Azaharys

A minha harpa, a minha formosa e adorada harpa!... Ela, que soava alegre como um manancial de primavera, hoje só foi um adagio de tristeza que ressoou no meu interior e acabou por provocar as minhas tempestades. Tanta vontade tinha de senti-la próxima! Pensei que me confortaria com isso; mas nestes instante no que pôde escutar as suas envolventes notas escorregando pela regandija da porta no meu encerro , trazendo luz à minha obscuridão, só um desejo me atingiu inteiramente: Eu queria que me levasse com ela! Não me importei que não fosse uma intérprete experta nem que os sons que tirara de mim fossem queixumes pouco afinados. Se ela tivesse podido libertar-me deste estreito quarto fedorento!... Voltar a sentir as suas pernas apertadas ao meu corpo teria sido estar no céu, voltar sentir a sua mão frágil percorrendo o meu mastro, e a outra mexendo o arco de forma imprecisa para jogar com as minhas cordas, teria sido como morrer no mais excelso e puro dos prazeres, ainda que o mestre já não estivesse aqui para guiá-la, para lhe ensinar a forma correcta de fazê-lo.
—Onde está o André? —perguntou a minha harpa, e foi que me fez tremer ao ouvir o meu nome. Ela não me tinha esquecido. Depois de dous meses de morte do mestre, eu já tinha perdido a esperança de que viesse me procurar.
—Estás a te referires ao meu esposo?... De seguro está no inferno, compondo romanças para os demónios. O infame deixou-me arruinado! —respondeu a trombeta destemperada, essa mulher gritante e estridente; sempre tão aceda e tão ferinte.
—Sabes bem que me estou referir ao seu violoncelo. Deixou-mo ver no seu testamento. Venho a exigir que mo entregues —encarou-a a minha harpa, e a sua voz interpretou aquelas palavras com um mezzo-forte que me encantou.
Nesse momento a campainha da porta principal, no primeiro andar, tintinou.
—Nunca vou perceber a mania que o meu esposo tinha de lhe pôr nomes de pessoa aos instrumentos de ele possuía, especialmente ao violoncelo... Baptizá-lo com o seu próprio nome, há que ver que loucura...! —queixou-se a trombeta enquanto se punha de pé—. Desculpa, querida. Estava a aguardar alguém. Volto desseguida. —A sua voz pareceu mais comedida do que antes, mas seguramente que se tinha confrontado com a minha harpa com a sua postura de rainha, altaneira e digna, ainda que por dentro seguisse sendo a mesma prostituta trepadora e vulgar do bairro de do Vilar em Ourense.
Depois de que ela tivesse baixado pela escada, escutei à minha harpa a caminhar pela sala; quiçá se deteve para contemplar a pintura que Bazille fez para o mestre e para mim. Pôde sentir nesse momento a sua alma, pôde inclusivamente intuir os seus pensamentos: aquilo foi uma melancólica composição de recordações dolorosas, impregnadas do vazio que deixa o engano. O mestre e a minha harpa... Com que paixão e entrega se amaram! Foram tão felizes durante os anos que estiveram juntos, antes de que ele perdera o rumo, antes de que os sonhos que tinham atingido foram ultrajados pelo ego, pela necessidade da fama e o aplauso, pelas associações que ele estabeleceu com homens pudentes que alcançavam a conseguir apresentações nos lugares mais prestigiosos da Europa, relações de negócios que exigiam uma desvirtuada vida social, cheia de excessos . O mestre não era como eles! Eu sei-o, eu conheci-o, senti-o... ele me fez, fabricou-me, deu-me vida e também um nome; ele era um ser humano frágil demais, débil demais e influenciável...
Ainda lembro quando eu e o mestre tivemos conhecido a minha harpa no Auditório de Compostela; ele ainda era um homem pobre e falto de roce social, nem sequer tinha dinheiro suficiente para repassar o verniz com a frequência que eu requeria. Vínhamos de conseguir um lugar na filarmónica e, ao terminar a função, ela estava lá, detrás do cenário. A sua presença foi a mais formosa sinfonia que eu tivesse escutado em toda a minha vida: os olhos destilavam sons que pareciam coros de anjos, o seu riso fazia que ganhasse em formosura aos trinos mais perfeitos dum piano e  o seu cabelo estava a se mexer ao ritmo dos violinos que os seus modais e maneiras faziam soar na minha mente. No entanto, do seu interior surgia aquilo que se haveria de converter na minha inspiração para o resto da minha vida; eram notas que pareciam pingas de orvalho geradas num amanhecer de quimeras, como o som duma harpa que cantava as melodias mas lindas da existência. Demorei-me em sair do estupor inicial que a música da sua alma me produzia, mas desseguida senti o meu mestre turbado e contraído perante a sua juventude e beleza. No entanto, não só a formosura da minha harpa tinha diminuído a personalidade dele, mas também o obscuro som de um imponente contrabaixo , o pai dela, quem com descaro se atreveu a oferecer uma grande soma de dinheiro para fornecer secretamente o capricho da sua filha consentida, o de apreender a tocar o violoncelo; atividade que nem se pensava para uma dama. O meu mestre não pôde negar-se, ainda que eu sei que foi mais do que por medo a ele, por atração que sentiu por ela. Naquela altura, ele não teve o valor para tentar engatar com ela. Vá! Como é que se arrependeu aquele contrabaixo de tê-lo contratado, depois, quando a minha harpa fugiu com o mestre. Infelizmente nunca soube que a ideia tinha sido dela... Aaaah! Ocasionalmente era tão intempestiva, como uma melodia súbita que surge num arranjo musical e muda a obra na sua forma e essência. Foi tão fácil para ambos nos namorarmos dela!
Ao escutar a trombeta destemperada voltando à sala, as minhas recordações é que se derrubaram; e suponho que também o fizeram os da minha harpa.
—A minha visita vai aguardar até que acabe este assunto contigo —disse-lhe muito parcamente—. Tenho-te uma má notícia. O violoncelo não está.
—Como é que não está? —perguntou a minha harpa, incrédula.
—O mestre incinerou-o pouco antes de morrer.
—Não!, não pode ser! Ele jamais... jamais teria feito uma cousa semelhante!
—É pena, querida. As suas cinzas ainda estão no prédio. Não quis mandar que as limpassem, por se vinhas, para que visses por ti mesma a loucura na que ele caiu. Imagina! Queimar um instrumento que valia tanto dinheiro —disse-lhe, atuando a sus mentira com virtuosismo. Que malfadada!  Nesse momento percebi por que é que depois da morte do mestre mudou as cravelhas e as cordas: foi para enganar minha harpa.
—Não! Não pode ser, tenho que confirmar de que se trata de Ricardo —A angustia na voz da minha harpa fluiu num nervoso tremolo. Quase pôde ver como a candura e o brilho dos seus olhos zarcos ficavam desiludidos.
—Hei de ensinar-to. Segue-me —incidiu a trombeta com tom vitorioso.
As duas saíram da sala, e o silêncio trouxe-me o presságio de que seriam os últimos momentos perto dela. Foi ali quando a culpa me possuiu, criando uma desarmonia que me destemperou por inteiro. Três anos! Três anos desde que a minha harpa abandoou o meu mestre; se ela tivesse sabido nesse momento quanto ele a amava, o arrependido que ele estava, perdoá-lo-ia com os olhos fechados; teria ficado ali. Mas ele nunca pôde exprimir com palavras o que era, em verdade, importante; padeceu do mal de muito músicos, que acreditam que com as notas bem postas numa formosa melodia já o dizem tudo. Era tão pouco inclinado a falar do que havia no seu interior, e eu acreditava que ela, a pesar de compreender os sentimentos que ele punha em cada uma das suas obras, aquela vez, sim necessitava das palavras profundas e sentidas que nascem do coração.
Descobrir a infidelidade do mestre foi para a minha harpa a ruptura das suas mais belas melodias, e eu... eu estava zangado com ele, também. Como era possível que tivesse traído a minha harpa com essa vulgar trombeta destemperada, harpia manipuladora com a que depois terminou casando! Enojei-me tanto que quebrei a simbiose com ele e ali esteve o meu mais grande erro. Ele acreditou ter perdido a sua inspiração quando a minha harpa se foi; pois sabia que ela o perceberia se lho exprimia  por meio da música; mas essa vez é que eu me neguei a cooperar: de mim, só conseguiu sons rudes e dissonantes modelados pela minha raiva. Agora é que me arrependo; Quanto me tenho arrependido de tê-lo deixado só! Refuguei para ser o seu canal, a sua ponte... É que eu queria que ele falasse! Que deixasse de se refugiar em mim e que fluísse nas suas palavras como um rio, como a música que deixa sair tantos sentimentos sem contenção, numa harmonia vibrante e sincera; ela o merecia.
O meu mestre! Ai, o meu pobre mestre!... tão sensível, tão formoso de alma, mas tão débil perante o mundo. Perdeu a minha harpa, a nossa harpa, e o seu mundo interior azedou-se até que o seu corpo adoeceu de leucemia. Eu escutei como nota a nota a dor foi consumindo-o; foi-se extinguindo. Foi um morendo triste e lento.
Depois destas lamentações, na negrura do meu encerro, escutei novamente passos pela escada. A trombeta destemperada entrou primeiro. Pôde imaginar o sorriso de triunfo no seu rosto; e, por trás, vinha a minha harpa, tentando reprimir um pranto explosivo.
    Toma, presenteio-te a pintura que o Bazille fez do meu esposo e o seu violoncelo, assim não te vais com as mão vazias e poderás lembrá-los aos dous —disse-lhe a trombeta, fingindo conexão de cara a ela enquanto despendurava a pintura da parede.
O pranto da minha harpa estalou finalmente num fortissimo agitatto, como uma trovoada que se descose com amargura incontornável; ali percebi que, a pesar de todo, incluso depois da sua morte, ela continuava a amá-lo; e eu, eu que era quase um pedaço dele, o único que queria era permanecer ao seu lado para enchê-la de melodias que aplacassem a sua dor.
A minha harpa e eu fomos os únicos que realmente o conhecemos, o compreendemos ... e por obra de uma vulgar trombeta barata, o consolo de permanecer ela comigo e eu com ela, é que nos foi negado. Pus-me a chorar também, ainda que que não havia qualquer mão que tirasse as tristes melodias que nesse momento me assolagavam.

Não houve mais sons do que os dos seus passos baixando a escada; e eu fiquei sumido no mais frio e amargo silêncio. Nunca gostei do silêncio, excepto o que vai da mão dum adeus obrigado.
Não me dei conta em que instante a trombeta destemperada voltou à sala, junto à visita que tinha ficado aguardando na entrada: um trombone de rejo metal. Sumida na minha pena, também não tomei atenção à longa conversa que sustiveram; nem me inteirei do acordo económico ao qual chegaram, até que escutei dizer:
—É um instrumento único, hás de vê-lo. O seu cliente japonês estará comprazido. Se me ajudar a mexer a biblioteca hei de lho agradecer. Detrás dela está a pequena adega onde o guardo. Vc. Sabe que um tesouro assim é que convém tê-lo longe das olhadas ambiciosas.
Agora é que o percebo: “longe”... assim que longe da minha adorada harpa é que me vou, para me espargir em espaços desconhecidos as sentidas notas que na minha madeira hoje se gravaram e, com certeza, mudaram para sempre o som da minha voz.



sexta-feira, 17 de junho de 2011

Buraco de Rato

Por: Fabio da Silva B.

Era apenas mais um final de tarde de calor intenso pela cidade de Vigo. Trabalhadores corriam atrasados como baratas envenenadas. Menores infratores e mendigos transitavam observando supostas presas. Alguns punks se reuniam na esquina, enquanto contavam moedas para comprar uma garrafa de qualquer coisa e argumentavam sobre o show de noise que aconteceria naquela noite. Universitários sentavam nos bares para debater sobre algum ilustre intelectual morto com sua insípida lógica acadêmica, ao som de Chico Buarque e outros nomes da MPB. Enquanto isso, Pedro ia com a namorada, conhecida como Boceta de Vaca, a um motel barato das redondezas. Chegando lá, começaram a se agarrar como dois lutadores de sumô.

No meio da mistura de salivas, seus corpos despencaram sobre a cama. O estrado rangeu e as mãos começaram a explorar cada canto dos corpos. Peças de roupas eram atiradas a esmo. Os seios se espalharam ao se verem livres do sutiã, exibindo as enormes “calotas”. Tirando as botas da menina, Pedro apreciou um pouco seus pés e caiu de boca no dedão atrofiado da “donzela”, enquanto aspirava o agradável odor. A língua foi deslizando pela sola do pé, causando frenesis no corpo branco e flácido de Boceta de Vaca. Continuou alimentando o banho de gato até chegar à virilha cabeluda de sua amada. O suor temperou toda aquela carne em que se deliciava sem pudor. Continuou o passeio linguístico até chegar às axilas, onde ficou um tempo a mais entre beijos e lambidas. Adorava axilas. Principalmente as maus raspadas como aquelas.

Boceta de vaca já agarrava o membro do namorado com força entre os dedos dos pés, mostrando suas habilidades. Nesse momento, Pedro chupava os dedos de sua mão. Algumas buzinas tentavam trazer o engarrafamento e tudo o mais do desinteressante mundo exterior para aquela cama. Pedro agradeceu a Satanás por aquele momento sublime, em que não precisava compartilhar da rotina dos demais seres tidos como humanos. Passou a mão pela vagina da companheira sentindo o enorme grelo e confirmando o porque do infame apelido ao enfiar seu dedo na genitália mais que dilatada. Ela já estava em “ponto de bala”. Já estava mais que encharcada. Pensou em voltar para entre as pernas e sentir um pouco do sabor de todo aquele smegma, mas ela o surpreendeu e rolou, se pondo por cima. Segurou o “pau” com violência e caiu de boca sem dó nem piedade.

O ar condicionado só fazia barulho e os corpos se dissolviam. Ela sentou no membro incandescente largando um suspiro doloroso. Aranhas e traças assistiam a tudo de cantos escondidos. Várias posições alegraram os coitos que se seguiram. Aquela sagrada sensação de que nada importa transbordava. O inimaginável era permitido sem precisar pedir licença. Antes de voltarem para o mundo, tomaram um banho e Boceta de Vaca pediu um minuto para esvaziar o intestino. Ao sentar no vaso, uma enorme ratazana que vinha pelo esgoto entrou pelo cu da “madame”. Ela sentiu uma dor lancinante. Pedro se assustou com o grito.

— Tudo certo aí? – Perguntou com o ouvido encostado na porta. Só a idéia de ver a namorada cagando o deixava excitadíssimo.
— Acho que hoje você caprichou. Estou arrebentada.
Os dias se passaram e nada mais saía pelo “rabo” da coitada. A barriga começou a inchar e dores terríveis assaltavam-na por todo o momento. Procuraram um médico e durante o ultrasson visualizaram o invasor.

— A senhora está grávida. – Declarou o decrépito doutor.
— Grávida?! – Assombraram-se sem entender.
— Mas a criança apresenta estranhas deformações e parece estar fora do útero. É algo tão bizarro que posso garantir nunca ter visto.

Aquilo já era demais. Não tardaram a decidir pelo aborto.

Na semana seguinte, as dores causadas pela prisão de ventre e pelo roedor se alimentando de seu intestino não a deixavam mais andar. Pedro chegou abatido.

— Está aqui a solução. Tome esses comprimidos e nos livraremos desse pequeno infeliz. Não precisamos da burocracia hospitalar para resolver nossos problemas.

Boceta de vaca pôde perceber a incerteza na voz de Pedro.

— É o melhor mesmo, não é? Às vezes penso que você está concordando com isso apenas porque não desejo esse monstrinho.
— Estou vendo o que ele está causando a você. Isso não é uma gravidez normal. Já transei com uma garota que teve um filho meu uma vez e não foi assim. Isso que está acontecendo não é normal. Ele está vivo fora do útero.
    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA...

As contrações aumentaram. O grande acúmulo de fezes já expulsava a ratazana com toda a pressão possível. Pedro deixou os comprimidos caírem.

    Puta merda. A cabeça do desgraçado já está saindo. E é como o médico falou. É uma aberração. Mas espera. Ele tá saindo pelo seu cu.

A menina já estava roxa quando o animal foi expelido, acompanhado pelo jato de bosta e sangue. Pedro correu e pegou a vassoura que repousava no canto da quitinete de Boceta. O animal estava gigantesco, como se tivesse passado por algum tipo de mutação intra-intestinal. Correu para a quina da parede e se pôs de pé. Pedro o seguiu com a vassoura pronta para o ataque.
— Você pode ser meu filho, mas... — As mãos fraquejaram soltando a vassoura. — Ah... Meu deus. O que estou fazendo? O monstro aqui sou eu. — Caindo de joelhos estendeu os braços. — Como posso ser assim... Tão egoísta.

A ratazana o olhou por algum tempo e correu para a janela, que pulou depois de uma rápida escalada. Pedro entrou em desespero e se jogou em seguida, tentando salvar seu rebento. Enquanto seu crânio explodia na avenida, Boceta de Vaca se via as voltas com a agonia do último suspiro. A ratazana correu para o lado oposto e entrou em um bueiro. No dia seguinte os jornais lucravam com as manchetes sobre o acontecimento macabro em uma quitinete do subúrbio. O calor continuava impossível e os carros buzinavam com trabalhadores apressados correndo entre eles.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

1701



Autor:Fabio da Silva B.

Acordei ainda inebriada pela manhã de prazer com Morgana. Morgana... Era assim que gostava de ser chamada. Minha machinha. Passei as mãos pelo seu corpo nu. Tomei banho e me arrumei. Tinha cliente marcado cinco da tarde. Queria sair antes que ela acordasse. Se me visse indo, poderia estragar tudo com suas crises de ciúme. Sabia que meus clientes tinham algo com que não poderia competir. Isso a deixava louca. Mas, ela se esquecia do mais importante. Eram apenas clientes. Depositei o dinheiro da cerveja em baixo do cinzeiro que transbordava de bingas e saí.

Ao abrir a porta, o senhor que mora em frente abriu a janelinha. 
- Boa tarde, princesa!

Coitado. Deve passar o dia esperando eu abrir a porta para olhar pela janelinha com aquela cara de tarado e me saudar com suas frases feitas. Balancei a cabeça com um sorriso cínico e prossegui. O elevador ainda estava com defeito. A proprietária deveria abater isto no aluguel. Um dos argumentos usados para cobrar esse absurdo por mês, foi o fato do prédio ter elevador. Ratos e baratas disputavam os cantos. O porteiro está sempre dormindo, bêbado.

- Como é Seu Oligário? Assim vai cair da cadeira.
Ele abriu os olhos assustado.   
- Oi Dona Clarice... Bom dia...
- Boa tarde!
Respondi com o mesmo sorriso que havia usado para cumprimentar meu vizinho. Era uma forma de agradar. Sabia que eles gostavam quando usava esse artifício. Descendo os degraus que desembocavam na rua, ainda pude ouvir seu suspiro.

- Gostosa !!!

Deve ter voltado a cochilar logo que dobrei a esquina. Veio um táxi. Fiz logo sinal. O motorista parou. Entrei séria. Disse o endereço acompanhado de um discreto sorriso. Cínico, como todos os outros. Desci no restaurante combinado. O cliente já estava me esperando na varanda, tomando sua Tequila com limão e petiscando algo que daquela distância pareciam azeitonas. Assim que cheguei me elogiou, como sempre. Esqueci de conferir se eram mesmo azeitonas no pratinho. Conversamos sobre banalidades. Ele era jovem, bonito e tinha dinheiro. Nunca entendi porque precisava de meus serviços. Qualquer mulher poderia aprender a manusear os consolos de que tanto gostava, sem maiores sacrifícios. Pedi suco de laranja. Dentro de meia hora estávamos no motel.

Eram por volta das vinte e uma quando pedi que me deixasse na boate. Foi uma noite movimentada. Morgana apareceu perto da hora de fechar. O segurança criou problema por ter ordens de não deixa-la entrar. Na última vez abriu um gringo a facadas e deu a maior merda. Conversei com ela, mas não adiantou. Deve ter bebido a tarde toda. Saiu me amaldiçoando e disse que quando voltasse conversaríamos. Suspirando entrei. Ela sabia que ficaríamos na pior se arranjasse um desses empregos de salário mínimo. Atendi mais dois clientes e fui para o banho. Algumas meninas dormiam por lá, mas se não fosse para casa, ia ter problemas.

O táxi que havia pedido já estava esperando. O motorista tentou puxar assunto, mas eu não estava para muito papo. Só pensava em Morgana e na chateação que iria ter quando chegasse em casa. Estava torcendo para que ela estivesse na rua. Pelo menos chegaria bêbada, ao invés de me alugar com suas crises de ciúmes. Às vezes penso que seria melhor morar sozinha. Ou então, voltar para minha terra. A família ficaria feliz em me ver voltar. Mas agora não dava para isso. Tinha de juntar mais dinheiro. Estava pensando em comprar um carro. Mas carro era perigoso. O último que tive Morgana estraçalhou contra o poste. Quase perdi aquela danada. Se pelo menos tivesse juízo naquela cabeça...  Para que beber assim. Mas também, se não beber, fica pior. Ninguém agüenta. Ô coisinha braba que fui arrumar.

Quando nos conhecemos se vestia de cigana e botava cartas. Fui por indicação de uma amiga e realmente encontrei meu destino. A própria cartomante. Aqueles brincos enormes... Ficava linda com aqueles lenços. O nome havia tirado não sabia bem de onde. Disse que lembrava ter ouvido em algum lugar.  Coisas daquela cabeça maluca.

O porteiro estava dormindo. Passei em silêncio. Não estava para sorrisos cínicos. Abri a porta do apartamento. O vizinho da frente também estava dormindo àquela hora. Tomara que Morgana não resolva acordar todos os sonolentos com suas gritarias. A casa estava escura. Ouvi o barulho do chuveiro. Fui para o quarto. Estava tudo revirado. Uma bagunça só.

Deitei e fiquei esperando. Fechei os olhos, para no último caso, fingir que dormia. Ela não veio. Muito tempo se passou. Talvez mais de uma hora. Levantei devagar. O que estaria tramando? Às vezes me assustava com seu lado sombrio. Nunca sabia o que esperar. Bem devagar, fui até a porta do banheiro. Estava entreaberta. Empurrei com cautela. Qual loucura desta vez?

- Morgana?

         Ninguém respondia. Dei uma espiada. Não poderia ser. A silhueta que vi através das paredes plásticas do box registravam algo terrível. Disparei pelo cômodo abrindo a porta que me separava do meu amor. O corpo estava caído. Sem vida. Parecia uma marionete esquecido por seu dono. A barriguinha, inchada pelo álcool, tapava parte de sua xota cabeluda. Abracei-a em prantos sem saber o que fazer. Era o terror jamais sentido. A água nos molhava, enquanto pedia para que se levantasse. Só depois observei o sangue tingindo o chão do banheiro. Ainda não tinha me recuperado quando os policiais chegaram. Não saberia dizer quanto tempo passou, ou como souberam que precisávamos de ajuda. Agora, estou aqui. Tomando banho de Sol no pátio. Nunca saberei o que se passou em nosso apartamento. O número 1701 de um prédio, no centro da Vigo. Fui à única suspeita. Seu Oligário não havia visto ninguém entrar ou sair do prédio. Os vizinhos disseram que brigávamos muito, por isso não estranharam aquela gritaria. Uma coisa é certa e só eu sei. Eu não estava lá. 



Maria de Velhe

               Autor: Dragão Verde (Galiza)

               Maria gostava de sair muitas noites quando tinha tempo. Sextas, Sábados e Domingos eram dias de lazer nos que as reuniões com os amigos, as pequenas viagens em grupo, as festas, bailes, rir e sobre tudo amar, eram o normal.

            Aquela noite, Maria não combinara com ninguém, mas ia até a sala de festas onde sempre haveria alguém conhecido, ou de não o haver procuraria conhecer gente nova para próximas vezes.

            Fazia algo de fresco naquela noite de primavera, pelo que optou por levar uma jaqueta ligeira e uma pequena saca onde levava a sua agenda com telefones por se fossem necessários. Saiu da casa quando a noite governava o céu e alegremente decidiu ir caminhando para desfrutar aquele serão que começava a estrelar-se mas com a frescura agradável com a que nos faz gozar a natureza no mês de Junho.

            Foi baixando de Velhe até as Lagoas e de ali ao centro de Ourense onde decidiu entrar numa sala cheia de gente. Alguns bailavam, outros com o copo na mão e outros entregados ao romantismo às obscuras ao lado dos seus pares.

            Maria dirigiu-se à beira da pista para olhar como se mexia a gente sob aquele forte som musical e aquele violento jogo de luzes que estimulava os sentidos até pôr a adrenalina nos índices extremos.

            A música trespassava o corpo de Maria dum lado para o outro até fazê-la a ela própria parte daquela vaga de ritmo, obrigando-a subtilmente a se mexer. Os seus pés, as suas pernas eram levadas pela embriagante força do som. Em pouco tempo pus-se a dançar de forma instintiva, à vez que os seus olhos percorriam todo o campo de visão que alcançavam, ainda obstaculizada infinitesimalmente  pela fração de segundo de obscuridão entre duas cintiladas de luz de diversas cores que deformavam as figuras daquela massa humana em movimento, tanto mais febril, quanto mais monótono e latejante era o ritmo.

            Cegada pelo mesmo, Maria desfrutou quanto quis durante muito tempo, até que por fim, sentiu a necessidade de recompor as suas forças. Dirigiu-se até o balcão abrindo-se caminho entre a gente, sentindo a suor do pessoal que por ali passava e decidiu beber algo que lhe vencesse a sede que lhe tinha provocado a transpiração causada pela dança continuada durante as horas que esteve deixando-se levar pelo tam-tam impetuoso dos altifalantes.

            Apanhou o copo depois de ter-lho servido o rapaz do balcão e foi até um lugar mais tranquilo. Sentou, descansou e respirou. E ali estivo uns minutos.

            Assim, olhando como a gente se mexia descobriu um homem jovem. Ele olhava para ela com um sorriso agradável. Ela, amável, devolveu-lho enquanto ele com graça começou a se dirigir lentamente para ela sem apagar o seu lindo aceno facial.

-         Posso sentar ao teu lado? –perguntou muito amável-
-         Sim, por favor –respondeu ela não menos amável-
-         Vi-te sozinha... e como eu também o estou... pensei na solidão compartilhada.

Maria gostava daquele homem de voz cálida e bom humor. Com prazer perguntou:

-         Como te chamas?
-         José. E tu?
-         Maria
-         Bem, falta-nos um Jesus.
-         Para que? - disse Maria com surpresa perante tão estranha resposta-
-         Para fazermos um Belém, como no Natal.
-          
Maria perante tão inesperada resposta botou a rir a gargalhadas enquanto José a acompanhava com um não menos intenso riso.

      A entrada para uma boa amizade foi boa e por isso após uma longa conversa decidiram bailar a música romântica. Fizeram-no juntinhos, como se levassem muito tempo a se conhecerem.

      Continuaram por muito tempo até que acabou a festa e embora se sentissem os dous muito bem juntos, estava sendo tarde e Maria devia ir para a sua morada, pois tinha prometido aos seus pais chegar a uma hora prudente. Àquelas horas já ultrapassavam um bom bocado a prudência do acordado e foi por isso pelo que determinaram irem embora. Maria pegou na jaquetinha e na saca e foi-se cara a porta acompanhada do José, quem agradavelmente se ofereceu para levá-la na sua moto.

      Maria aceitou com um sorriso amplo e brilhante penetrando os olhos verdes do José que sorriu ao ver aquela expressão linda da rapariga.

      Apanharam a moto do moço e foram embora, velozmente pelas ruas de Ourense rumo da casa da Maria à qual chegaram em poucos minutos ainda que ficasse nas aforas da cidade.

      Ao chegarem, Maria baixou e não quis evitar se achegar ao rosto do rapaz para lhe dar um beijo que se prolongou durante uns lindos segundos. Depois vieram outros dous, três e mesmo mais quatro beijos e abraços celebrados com muito agarimo entre os dous jovens. Às suas costas o rio Minho e no fundo a Ponte Velha iluminada punha um elemento romântico no seu contorno que fazia que os seus corações acelerassem os seus ritmos unisonicamente.

      Quando finalmente o José acertou a se ir embora, montou na sua moto e voou até se perder pela estrada perante a atenta olhadela da Maria que viu com um lindo sentimento de felicidade como se lhe mexiam uma coleção de borboletas no estômago que lhe davam a entender que aquilo poderia ser o começo duma bela amizade romântica.

      Baixada da nuvem, Maria tomou a consciência de estar na cancela da entrada da sua casa e baixando os seus pensamentos ao nível do comum, mais quotidiano, deu-se conta de ter deixado a jaqueta na moto do José. Preocupou-se por um momento, mas lembrava que tinha combinado com ele de ali a três dias, pelo que entrou na casa mais tranquila e esqueceu o tema até se virem.

      Passaram os três dias. Maria, com a combinação na cabecinha vestiu aquela tarde a roupa mais formosa que tinha para se ver com o José, como acordaram, no mesmo lugar do que a primeira vez.
      Saiu da casa muito alegre e andou com ligeireza todo o caminho que a levava até a sala de festas do centro de Ourense.

      Chegou, entrou e foi em direção ao lugar acordado onde parecia que não tinha chegado quem ela aguardava. Não havia preocupação. Era ainda cedo.

      Sentou e pediu uma bebida para aguardar melhor e combater a impaciência.
      O tempo passava e enquanto ela sonhava com os olhos abertos imaginando-se aquele homem sensível e alegre, delicado e generoso, engraçado e sempre com o sorriso nos lábios.

Sonhou desperta uma boa miga e imaginou situações com ele nas que ela era feliz.
Qualquer outra pessoa que olhasse para ela nesses momentos estaria a vê-la com a visão perdida, sorrindo às vezes... Perguntar-se-ia em que nuvem estaria a viajar a rapariga nesses instantes.

            Assim se passou o tempo.

            Quando voltou à realidade eram as dez e meia, mas o José não estava ali. Que aconteceria?

            Pediu outra bebida ligeira para seguir aguardando enquanto olhava para a multidão por se conseguia distinguir o José entre a gente.

            O tempo foi passando-se e a felicidade da Maria foi pouco a pouco transformando-se em preocupação.

            As onze e meia da noite.

            O rapaz já não haveria de vir. Porque tinha combinado com ela se tinha pensado não vir? Ou quiçá lhe acontecesse qualquer cousa...?

            A preocupação deu passagem a outros sentimentos não tão felizes.
            Dali a mais uns minutos já não aguentou mais. Ergueu-se da sua cadeira e foi para a saída, subiu as escadas, chegou à porta e botou a última olhadela para ver se conseguia localizar a moto do José.

            Nada.

            Maria, com vontade de chorar começou a andar lenta e pensativa. Quiçá não tinha porque pensar mal, quiçá foi que ele não pudesse vir por alguma razão importante e não pôde avisar por não ter o seu telemóvel disponível... ou quiçá aconteceu qualquer outra cousa fora do seu alcance.

            Maria seguia caminhando à vez que também os seus pensamentos ferviam na sua cabeça, Umas vezes tendo em conta possibilidades inevitáveis, outras que se repartiam entre o não querer, ficando ela zangada, ou alternativas funestas que quase a faziam chorar.

            Chegou à casa muito cedo. Dirigiu-se imediatamente ao seu quarto e ali se deixou cair sobre a cama para botar-se a chorar com desesperação.

            Assim passou aquela noite.

            Ao dia seguinte, Maria foi à academia onde estudava uns exames de Estado. O seu rosto indicava não ter dormido nada. Estava triste e sem vontade de trabalhar. Não sabia bem que lhe doía mais: o possível desprezo ou que lhe pudesse ter acontecido algo mau àquele rapaz que não lhe parecia mentiroso.

            Por várias noites seguidas foi à discoteca onde se conheceram com o intuito de se topar com ele, mas sem resultados positivos pelo que começou a pensar na possibilidade de que lhe pudesse ter acontecido algo inevitável embora não acertasse a saber se isso era qualquer assunto relacionado com uma obriga laboral, familiar ou algo pior que afetasse a sua integridade física. Só pensar nisto último arrepiava-a.

            A curiosidade era grande, assim como a incertidão, mas para além de tudo isso ele tinha algo dela: a sua jaqueta. Devia tentar saber do seu paradeiro de qualquer jeito embora não soubesse nenhum telefone de contato, nenhum endereço...

            Tentou lembrar algo que se escondesse na sua memória por se tinha comentado qualquer cousa ao respeito e vagamente lembrou que tinha falado duma aldeia chamada Gundiães. Gundiães!!! Onde ficava esse lugar??

            Com os nervos de quem procura algo útil perguntou a algumas pessoas conhecidas dela e conseguiu saber de dous possíveis Gundiães: um pertinho de Alhariz e outro a poucos quilómetros donde ela vivia seguindo a estrada que passava pela sua casa, rumo Nogueira de Ramoim. Bem!!

            A sua lógica começou a fiar pequenos pormenores e chegou à conclusão de que a última possibilidade era a mais real.

            Ao dia seguinte de se inteirar da proximidade desse Gundiães a poucos quilómetros da sua casa decidiu achegar-se até lá como quem vai dando um pequeno passeio. Vestiu o seu fato de treino e ao serão começou a caminhar como quem faz desporto. Caminhou durante uma boa miga enquanto o sol já baixo e oblíquo ajudava a diminuir o calor que caia desde havia umas horas. Isso facilitava a caminhada da Maria que tomava boa nota de todos os lugares por onde se passava, reconhecendo os seus nomes que por outra parte ela lembrava que foram ditos pelo José.

            Finalmente dali a uma hora de caminho viu o indicativo com o nome de “Gundiães”. Descontraiu a sua marcha e abriu bem os seus sentidos e a sua intuição com a finalidade de reconhecer qualquer cousa que lhe desse um indício relativo ao lugar onde poderia morar aquele rapaz de olhos verdes que tanto a tinha preocupado aqueles últimos dias.

            Reparou em todas e em cada uma das casas que ficavam à beira da estrada sem ver nada significativo, até que a poucos metros diante de si olhou uma moto conhecida. Esta era preta e com duas finas raias brancas nos guarda-lamas, selim amplo para duas pessoas e um autocolante com um GZ na parte traseira.
            Sem qualquer dúvida aquela era a moto do José!!

            Maria, prudentemente aguardou uns minutos. Esteve ali parada uns momentos tomando força para decidir-se a entrar enquanto contemplava a moto que se assemelhava em todos os pormenores com a que ela tinha montado e onde deixara a sua jaqueta.

            Dirigiu-se até a cancela após ter respirado para poder vencer a sua timidez e premeu a campainha.

            Silêncio.

            Passaram-se uns segundos e voltou a premer a campainha. A porta da casa abriu e saiu um homem de uns sessenta anos aproximadamente, com traças de não ser precisamente um camponês, mas um homem com uma presença cultivada. Achegou-se à cancela e abriu.

-         Boa tarde –respondeu com olhada de curiosidade-
-         Boa tarde –respondeu a Maria com amabilidade- Venho porque creio que alguém da casa tem uma jaquetinha da minha propriedade e venho por ela.
-         Uma jaqueta? Pois... não sei. Como é a jaqueta?
-         Pois, castanha, de ponto e com desenhos andinos.
-         Bom, vamos ver se sabe algo a minha senhora –concluiu o amável senhor-. Emília!!! –berrou chamando pela sua esposa- Emília!!!
Emília saiu pela porta com uma cafeteira nas mãos.
-         Que é o que se passou? –perguntou-
-         Esta rapariga diz que tens uma jaqueta dela –comentou o senhor enquanto a Emília punha expressão de estranheza no rosto-
-         Não, não é assim exatamente –interveio a Maria com um sorriso para descontrair a conversa- Não creio que a tenha a senhora. Para ser mais concreta creio que a deve ter o dono dessa moto que está cá arrumada. Esteve com ele há uns dias e quando nos despedimos deixei a jaqueta esquecida e ele foi quem a levou sem se dar conta.
Nesse momento tanto o amável senhor como a Emília puseram rosto de grande surpresa.
-         Como? –disse ele- Quem dizes?
-         Acho que se chama José e combinei com ele há uns dias. Levou-me à minha morada nessa mesma moto.

Os senhores da casa mudaram a sua expressão até a brancura extrema não podendo acreditar no que aquela rapariga estava a dizer.

-         Minha Nena, estás num erro grave, - respondeu o homem- o dono dessa moto era o nosso filho mas está morto desde há três anos.

O que estava a ouvir Maria deixou-a fria como o gelo. Era ela agora quem mudou a expressão do seu rosto. A surpresa, a incredulidade e o medo se mesclavam nela.

-         Bom, aqui deve haver alguma confusão – reafirmou -. Eu combinei com alguém que me levou nessa moto há uns dias. Disse que se chamava José, tinha o cabelo preto e com os olhos verdes, meia estatura... e estava vivo!!

Emília achegando-se até a cancela confirmou.

-         O nosso filho chamava-se José, tinha os olhos verdes, o cabelo preto era de meia estatura... e está morto.

O silêncio governou por um momento aquela tensa situação. Os três ficaram olhando os uns para os outros sem compreenderem absolutamente nada até que o senhor decidiu.

-         Quero que venhais comigo
-         Aonde? –perguntou a Maria-
-         Vem –cortou ele à vez que saía da cancela para afora e se punha a caminhar-

Maria confusa andou detrás dele sem fazer mais perguntas. Ele caminhava com decisão até que chegou à estrada geral onde estava a igreja de São Miguel do Campo. A Maria não queria imaginar o que queria o senhor e por respeito seguiu-o mas não porque lhe resultasse agradável. Entraram no cemitério e justo a uns passos da entrada a Maria parou, levou as mãos à boca, abriu os olhos e sentindo um frio arrepio pelo seu corpo só pude dizer...

-         Por favor senhor, não me conte mais...

O senhor olhou para onde ela dirigia a vista e viu acima de uma tumba uma jaqueta de ponto, de cor castanho e com desenhos andinos. Acima uma formosa rosa vermelha e na cabeça do túmulo, justo onde a cruz, uma foto a cor dum formoso rapaz de cabelos pretos, olhos verdes, sorriso agradável e um nome escrito: José Barreiros Failde.
      

terça-feira, 14 de junho de 2011

COMEÇA O CONCURSO LITERÁRIO: INFORMAÇÕES

Lembramos que o dia 15 de Junho às 00:00 começa o Concurso Literário organizado por "As Nossas Letras". 


A partir desse momento poderão começar a enviar os seus textos que serão publicados segundo a ordem de chegada. As votações começam também desde o momento em que haja textos.


Tanto os envios dos textos como as votações começam o dia 15 de Junho às 00:00 até o 31 de Julho às 23:59:59.


A Terça, dia 2 de Agosto publicaremos no blogue "As Nossas Letras" e "Desperta do teu sono...!" o nome do vencedor.
Podem revisar o sistema de votação clicando AQUI.


A organização

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O PGL faz-se eco do Concurso Literário organizado por nós

Blogue «Desperta do teu sono...!!» organiza concurso de narrativa


As votações dos leitores determinarão o ganhador
Terça, 07 Junho 2011 08:53
Atençom, abrirá numha nova janela. PDFVersom para impressomEnviar por E-mail
Engadir a del.icio.us Compartilhar no Twitter Compartilhar no Chuza Compartilhar no Facebook Compartilhar no DoMelhor Compartilhar no Reduggy


PGL – Os autores do blogue Desperta do teu sono...!!organizam um concurso literário de narrativa de temática galega aberto a qualquer texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico. O intuito é propiciar «a participação livre e criadora de escritores, como condições de união entre os povos da Lusofonia e nomeadamente para fomentar a solidariedade com a Galiza».
Segundo as bases do concurso, que figuram também no blogue As Nossas Letras, o tema da obra, que será original e escrita em Língua Portuguesa seguindo as normas do Acordo Ortográfico[PDF], deverá ter alguma relação com a Galiza e a extensão pode ir de duas a seis páginas.
O prazo de receção dos trabalhos começa a 15 de junho e remata a 31 de julho de 2011. Os textos dos participantes serão publicados no blogue http://as-nossas-letras.blogspot.com/ para que possam ser lidos publicamente. As votações virtuais dos leitores decidirão o resultado, que ficará à vista de todos.
Haverá um único prémio consistente num exemplar do livro Bandeiras de Galiza e uma bandeira do Reino da Galiza. Os trabalhos ficarão propriedade da promotora do certame, que visa publicar no blogue As Nossas Letras uma coletânea em forma de e-book.

+ Para mais informações:


Portal Galego da Lingua  <----click!!!